Projeto sobre produção de etanol a partir de resíduos agroindustriais rendeu a Fábio Stefanski o 18º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica
O acadêmico Fábio Spitza Stefanski, egresso do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Erechim, acaba de ser anunciado como um dos três vencedores do 18º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica – Categoria Bolsista de Iniciação Científica, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Atribuído anualmente, o prêmio tem por objetivo reconhecer os bolsistas de iniciação científica e tecnológica que se destacaram no ano anterior sob os aspectos de relevância e qualidade do seu relatório final. A honraria foi instituída pelo CNPq em 2003 e conta com a parceria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Fábio se formou na UFFS em novembro de 2020. Ele conquistou o prêmio na área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, com o trabalho “Produção de etanol de segunda geração a partir de resíduos agroindustriais em sistemas com altas concentrações salinas na presença de ácido acético”. Na entrevista abaixo, ele fala sobre os detalhes de sua pesquisa e a emoção com o anúncio do prêmio.
Do que se trata exatamente o projeto?
Na verdade ele é uma fatia de um grande projeto sobre biocombustíveis. Neste estudo, foi investigada a capacidade de microrganismos selvagens em produzir etanol na presença de água do mar e ácido acético (um inibidor do processo). Para isso utilizamos resíduos agroindustriais, como resíduo de laranja industrial e hidrolisado do bagaço de cana-de-açúcar, como substratos de fermentação. Estes resíduos agregam valor substancial aos processos biotecnológicos, pois promovem a gestão sustentável do material, reduzem a competição com culturas alimentares e são ainda uma valiosa fonte de reserva energética.
Já a água é uma parte essencial na transformação de matérias-primas em biocombustíveis. A expansão do setor, que cresce ano após ano, gera uma preocupação com os recursos hídricos de água doce. Atualmente, são necessários 9,8 litros de água para produzir 1 litro de etanol. Segundo previsões da Agência Internacional de Energia (IEA), em 2030 a pegada hídrica anual global no setor de biocombustíveis será 10 vezes maior que em 2005. Ou seja, essa pressão extra pode gerar conflitos e impactar o fornecimento de água para outros setores da sociedade no futuro. Nesse sentido, a água do mar, por ser um recurso abundante e representando 97% da água total no mundo, também foi uma das justificativas de investigação nesta pesquisa.
Como aconteceu a sua vinculação ao projeto?
Nosso grupo de pesquisas na UFFS trabalha já há algum tempo com o tema. Tive a oportunidade, durante minha bolsa de Iniciação Científica (IC) com bioherbicidas, de interagir e participar de pesquisas relacionadas com bioetanol, contribuir no desenvolvimento de capítulos de livros e um livro, além de participar de minicursos e eventos científicos dentro e fora da instituição, nos quais fui me familiarizando com o tema. Depois, em conversa com minha orientadora, fui convidado a participar na cocriação deste projeto, o qual tive um auxílio muito importante de uma colega de pós-graduação, a Charline Bonatto, a quem eu também divido esse mérito.
A partir de que momento do curso você se interessou pela iniciação científica (IC)?
Meu interesse pela pesquisa começou no 5º semestre da graduação, quando comecei a atuar de forma voluntária no Laboratório de Microbiologia e Bioprocessos (LAMIBI) da UFFS. A professora Helen Treichel, coordenadora do LAMIBI, foi quem me possibilitou este primeiro contato com a iniciação científica. Ela me apresentou e me acolheu no seu grupo de pesquisa, onde comecei a participar de alguns projetos auxiliando graduandos e pós-graduandos na realização de experimentos. A partir deste momento tive a certeza que era neste ambiente, fazendo pesquisa, que gostaria de continuar trabalhando e pesquisando. Nos anos seguintes fui contemplado com duas bolsas de iniciação científica com fomento do CNPq. A primeira na área de bioherbicidas, na qual utilizei a bagagem de conhecimentos para posteriormente desenvolver meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), e a segunda na área de biocombustíveis, com a qual veio o prêmio.
O que a iniciação científica te proporcionou?
Pude amadurecer muito minha visão e raciocínio crítico, o trabalho em equipe, a resiliência, a atenção e a capacidade de organização, que acredito serem muito importantes e fundamentais para o desenvolvimento pessoal e profissional.
O que significa para você esse prêmio?
Tem um significado muito amplo, pois este mérito não é só meu, mas sim do esforço, empenho e dedicação de uma equipe que teve participação fundamental na evolução gradual e constante do projeto. Receber um prêmio destes é, sem dúvida, revigorante, pois mostra que estamos acertando em muito nas nossas escolhas. Esse reconhecimento nos faz acreditar que, como grupo, estamos trabalhando e nos preocupando com a investigação de problemas certos, a fim de reproduzir as respostas de nossas pesquisas para benefícios em prol da sociedade. Por isso divido esse reconhecimento com toda equipe de biocombustíveis do LAMIBI, entre os quais estão pesquisadores, professores e técnicos, pois sem eles, não chegaríamos até aqui. Esse prêmio também é de vocês!
O que você está fazendo atualmente e quais seus planos?
Estou participando de alguns trabalhos em conjunto com a equipe do LAMIBI. Tenho planos de ingressar em um mestrado nos próximos meses, por isso venho pesquisando sobre alguns programas de pós-graduação e buscando entender o que fazem. O que posso dizer é que pretendo sim continuar na área da pesquisa.
Créditos da foto anexa: Jaqueline Anhaya.
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